quarta-feira, 29 de maio de 2013

Revolução Cibernética.

Rei Emir Saad¹.


Quando falamos de movimentos populares que buscam uma mudança em nosso sistema os atores dessa mudança são chamados de revolucionários. Já descrevi minha indignação aqui mesmo quando tratei da revolução estudantil² que de fato não buscava mudança, mas sim aceitação de um comportamento cada vez mais hipócrita e deficiente de valores estritamente morais. Não acredito que essa geração a qual faço parte e a geração que vem a seguir escolheu a opção de opor a uma mudança compartilhando imagens ou escrevendo suas “indignações” em textos em suas redes sociais. Verdade que esse também foi parte de meu penúltimo texto, porém nada que me digam como, por exemplo: “Essa é a nova voz da humanidade, maneira pela qual o povo manifesta a sua vontade.” Besteira, isso é a maneira como encaro tais manifestações, não está feliz com algo faça de fato algo que possa representar uma mudança, quando foi à última vez que você sentou em um grupo de amigos e levantou um assunto que de fato de incomoda?

As redes sociais felizmente aproximaram as pessoas em um nível que não poderia ser pensando há uma década e também de uma maneira paradoxal que as afasta. Deixe-me explicar isso direito, quando falo em aproximar e afasta digo que ficamos cada vez mais dependentes de nos comunicarmos pelas redes, com frases cada vez mais curtas e com sentido único. Deixamos de debater ou discutir uma ideia sem que exista alguém que venha e intervenha com um comentário tolo, quando falo em internet penso em um mundo completamente plano onde todos tem acesso a todo conhecimento da humanidade, mas essa facilidade nos tornaram cada vez mais preguiçosos. Quando converso com um jovem, entenda por 12 a 29 anos, ouço apenas palavras repetidas pelos meios de comunicação e nas redes sociais. Quando foi a última vez que você sentou em um lugar e debateu sobre o transito ou educação na sua região, esquecemos que o dever de viver em sociedade é questionar e não apenas passar a responsabilidade ao seu candidato e agir como se estivesse tudo bem e quando você encontra uma imagem legal na internet você compartilhar com algum comentário do tipo “Abaixo ao PT” ou prefere se esconder atrás de uma máscara do “V de vingança” sem sequer saber que o cara por atrás dela não era um cara tão legal.

Quando se fala em revolução o que me vem em mente são armas e explosões, ausência de ordem e de direitos. As pessoas não compreendem que a sociedade se molda ao caráter da maioria, infelizmente nossa sociedade se encontra em um status de total ausência de individualismo. Não prego a revolução, não mais. Hoje busco uma mudança de atitude daqueles que fazem esse país funcionar e não estou falando dos políticos. Não está satisfeito com algo se reúna e tome a ação em suas mãos. Em Trilha Sonora para uma Revolução / Soundtrack for a Revolution³, documentário que trata da luta pelos direitos civis nos EUA, mostra um grande exemplo de desobediência civil e resistência pacífica. 

Talvez o que falte para o Brasil seja algo pelo que lutar além de um país.

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